Sua Excelência Reverendíssima São Óscar Arnulfo Romero

Sua Excelência Reverendíssima São Oscar Arnulfo Romero, nasce ao 15 de Agosto de 1917, em Ciudad Barrios. A sua família é numerosa e pobre. Quando ainda criança, a sua saúde inspira cuidados. Gosta de tocar flauta e brinca de sacerdote. Com apenas 13 anos entra no seminário e com 20, vai a Roma para completar o curso de teologia. É ordenado sacerdote.

Em 1943 retorna a El Salvador. Durante 26 anos, na função de pároco, revela-se um sacerdote generoso: visita os doentes, lecciona religião nas escolas, é capelão prisional; os miseráveis fazem fila à porta de sua residência aguardando ajuda. Ocasião suficiente para o vigário conhecer a miséria profunda que assola seu pequeno país. A miséria é provocada pela estrutura social onde 02% da população é proprietária de 60% das terras férteis. À maioria dos camponeses falta trabalho, alimento e água potável. É grande a mortalidade infantil. Correm os anos 70 e a maioria dos Países Sul-Americanos vivem duras experiências de ditaduras militares conquistando o Estado e confirmando as elites em seus privilégios. Sacrificam-se com exílio e sangue os ideais de justiça e direitos humanos. Também para El Salvador é um período de grandes conflitos. Os movimentos populares por mais igualdade social e pela reforma agrária são cruelmente abafados pela política e pelos capangas dos donos das terras. Em 03 de Fevereiro de 1977, Óscar Romero é nomeado Arcebispo de El Salvador. Tem 59 anos.

Em Julho deste ano, o General Carlos Humberto Romero é o novo Presidente do País e reforça a política repressora favorecendo apenas os interesses financeiros, agrícolas e exportadores, da direita reaccionária. Após dois anos (15 de Outubro de 1979), o General é deposto pelo golpe militar que leva ao poder líderes de vários partidos democráticos. Iniciam-se algumas reformas. Mas, pouco ao pouco, os sectores conservadores (o capital financeiro e os exportadores agrícolas) dominam novamente o país. Acirra-se a violência da direita que não admite perder seus privilégios. À esquerda revolucionária não agrada a solução democrática e gradual que se está iniciando. Reina o caos político, económico, institucional. De Janeiro a Março de 1980 são assassinadas 1015 pessoas. Responsáveis: as forças de segurança e as organizações da direita, contra a guerrilha e os movimentos populares de esquerda que se organizam sempre melhor. Um grupo de guerrilheiros sequestra e mata o ministro Maurício Borgonovo. Em resposta, na tarde do mesmo dia, quatro homens da União dos Guerreiros Brancos, grupo para militar de extrema direita, invade a casa paroquial e mata o sacerdote Alfonso Navarro e o jovem Luís Torres. Na homilia, por ocasião dos funerais, o arcebispo fala contra os extremismos da direita e da esquerda, ambos culpados pela morte dos pobres. Através da rádio católica faz ouvir a sua voz a 75% dos camponeses e a 50% da população das cidades. Aconselha a busca de um projecto de sociedade mais justa e humana. Critica os massacres e as repressões accionadas pela direita e pela esquerda. "A violência não é a via justa. A violência é produzida pelos que matam, pelos que incitam a matar e pelos que não fazem o possível para eliminar suas causas. Estes últimos são tão culpados quanto os que empunham as armas." Em um dossier enviado a Roma por quatro dos seis bispos de El Salvador, poucos meses antes de sua morte, Óscar Romero fora acusado de se estar a envolver com os autores da "teologia da libertação". Incitaria à revolução, alteraria a imagem de Jesus Cristo apresentando-o como um subversivo. Monsenhor Rocardo Urioste, velho amigo e colaborador do arcebispo declara: "Romero, tenho certeza, não lera nenhum livro da teologia da libertação. Leu sim, a Bíblia, o Evangelho e os documentos do Magistério da Igreja. Tinha o coração para os pobres e aprendia da realidade." Uma das 1015 pessoas assassinadas entre Janeiro e Março de 1980 é o Arcebispo. Fuzilado ao celebrar a Missa na capela do hospital, em meio aos doentes de câncer e enfermeiros.

Um mês antes, sabendo-se ameaçado de morte, no encontro com o Papa São Paulo PP VI declara: "É meu dever estar com meu povo. Não posso ter medo. Será o que Deus quiser." A conferência dos Bispos latino-americanos, em Medellin (1968) afirmava que a Igreja deve fazer uma opção preferencial pelos pobres e esta preferência pode chegar (conforme também a palavra de S.S. São Paulo VI na Encíclica Populorum Progressio) a enfrentar as lutas pela libertação. São Óscar Arnulfo Romero foi fiel a esta opção da Igreja Latino-Americana em favor dos empobrecidos e explorados. Reagiu à violência e à vingança. Pagou com a vida o preço de ser discípulo do Crucificado. "Se me matarem, ressuscitarei no meio do meu povo!" profetizara num comentário ao Evangelho, convencido de que uma vida oferecida pelos outros é penhor seguro de ressurreição. Foi canonizado e elevado ás honras dos Altares, em toda a nossa Jurisdição Canónica, pelo Decreto Primacial A038/GP, de 16 de Junho de 2005.

Decreto

 

Arcebispo Primaz Katholikos

S.B. Dom ++ Paulo Jorge de Laureano – Vieira y Saragoça
(Mar Alexander I da Hispânea)


Home / Biografias Gerais / Santos da ICOH


Última actualização deste Link em 01 de Outubro de 2011