Santa Rita de Cássia

 

Santa Rita de Cássia ou a Santa dos Impossíveis, como é geralmente conhecida a grande advogada dos aflitos, nasceu em Rocca Porena, a uma légua de Cássia (Itália), aos 22 de Maio de 1381, tendo por António Mancini e Amada Ferri. O Nascimento da Santa foi precedido por sinais maravilhosos e visões celestiais que fizeram seus pais perceberem algo da futura e providencial missão de Rita, que seria colocada no mundo para instrumento da misericórdia de Deus em favor da humanidade sofredora. Seus biógrafos igualmente falam de mansas abelhinhas que lhe visitavam com frequência o berço, chegando mesmo a fabricarem em seus lábios um pequeno favo de mel, sem que disto lhe viesse mal algum; feliz prenúncio da admirável mansidão que é uma das características de nossa Santa. Desde a primeira idade acaletava Rita o desejo de consagrar-se exclusivamente a Deus, pelos santos votos de Religião, mas a Providência Divina tem seus desígnios misteriosos sobre a Santa que é levada por seus pais a abraçar o estado matrimonial. Aos 16 anos, aproximadamente, desposa o jovem Paulo Ferdinando, de génio leviano e excessivamente violento, e que lhe vai amargurar os primeiros anos dos dezoito que se presume haver levado em matrimónio. A futura protectora dos aflitos deveria ser também modelo da mulher cristã, da esposa fiel, dedicada e forte porque deve advir a conversão para o esposo, mesmo que este lhe seja infiel... A Santa soube sofrer com paciência todas as contradições, e pela oração, espírito de brandura e penitência, conseguiu ver triunfar a causa de Deus e brilhar o sol da caridade que tantas bênçãos atrai para o lar santificado pelo Sacramento do Matrimónio, porquanto Paulo não tardou a trilhar o bom caminho. Viúva pelo bárbaro assassínio do esposo, empregou a Santa sua viuvez em obras de caridade e na educação de seus 2 filhos gémeos, os quais, no entanto, viu morrer muito prematuramente aos 14 anos de idade. Particularmente é de notar a grande caridade de Rita ao perdoar com extremos de generosidade os assassinos de seu desventurado esposo. Livre dos laços que a prendiam ao mundo, Rita deseja realizar os santos propósitos da juventude, mas quantas dificuldades não seria necessário vencer!... A condição de viúva e outros escolhos tornavam infrutíferas suas tentativas e, por mais de uma vez, viu que se lhe fechavam as portas do Convento. Destinada para ser a grande advogada das causas difíceis, a Santa deveria enfrentar muitas dificuldades; redobra então as orações e penitências, armas com que conquistaria a vitória almejada. Seus santos Patronos, São João Baptista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino alcançam-lhe de Deus a graça por que tanto suspirava e fazem-na entrar milagrosamente no Convento das Agostinianas de Cássia, alta hora da madrugada, contando Santa Rita 36 anos de idade. A vida religiosa foi para Santa Rita ocasião de novos e gigantescos acréscimos de virtude e contínua ascensão para Deus. Levara uma vida eminentemente penitente; a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores da Santíssima Virgem eram objectos contínuo dos enlevos de seu coração, e quantas graças de santificação pessoal, de conversão para os pecadores e alívio para as benditas almas não lhe concederia o Esposo divino!... Os pecadores e as santas almas merecem sempre as melhores atenções de Santa Rita. A vida santa que levava quando ainda estava no século e a entrada maravilhosa no Convento haviam despertado primeiro ano de vida religiosa é logo assinalado por outro facto que veio confirmar e realçar ainda mais a alta santidade da humildade Agostiniana; um sarmento seco de videira, que por obediência e humildade a Santa deveria regar todos os dias, transforma-se em planta viva e, ainda hoje, pode ser admirado no Convento de Cássia produzindo frutos saborosos com o nome de Videira de Santa Rita. Não ficariam nestas as distinções do Nosso Senhor para com a fiel devota de sua Paixão. Pelo ano de 1442, estando a Santa em oração diante da imagem de Jesus Crucificado, recebe um Espinho da dolorosa Coroa do Salvador, o qual deixou aberto e visível a todos uma chaga que não se fechou senão com a morte da Santa, exceptuando-se o período do Ano Santo de 1450, quando para poder ir lucrar em Roma o Jubileu, alcançou de Nosso Senhor que se lhe fechasse temporariamente a chaga, muito embora continuasse a sofrer as mesmas e cruciantes dores. Esta ferida era de tal modo fétida, que a obrigou a retirar-se do seio da Comunidade, não sem grandes motivos de humilhação, que a Santa Rita soube aproveitar para mais se unir a Deus e redobrar as penitências. Quantas lições não nos oferece essa vida tão santa e ao mesmo tempo tão sofredora!... Realmente o sofrimento é uma escola de perfeição e união com Deus; Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo insinua está verdade quando afirma que, se alguém quer ser seu discípulo, tome a cruz da penitência e da renúncia das paixões e, então, O siga... A vida de Santa Rita é uma formal reprovação da vida frouxa e dissipada de muitos que se dizem cristãos, mas que desprezam a Cruz de Nosso Senhor... Igualmente falam-nos os biógrafos de rigorosos jejuns da Santa. Muitas e muitas vezes e durante dias e dias permanecia Santa Rita sem outro alimento que não a Sagrada Comunhão, particularmente nos últimos quatro anos de sua preciosa existência. Esse período da vida da Santa assinala-se por muitos factos extraordinários. Uma doença misteriosa invade o seu corpo já tão macerado por duras penitências. Multiplicaram-se as graças de conversões; são luzes e confortos que a Santa distribui em profusão aos que a procuram... Nesse tempo é que se realiza o milagre das rosas e figos, tão conhecido dos devotos de Santa Rita. A Santa passava por uma das grandes provações quando foi visitar uma de suas parentes a quem a santa enferma pediu que lhe trouxesse algumas rosas de seu antigo jardim de Rocca Porena. Estavam em pleno Inverno, fora de estação própria, mas qual não foi a admiração da senhora ao chegar em casa, por ver algumas das roseiras que outrora pertenceram à Santa, todas floridas, e carregadas de sazonados frutos a velha figueira do pomar. Essas rosas e esses figos foram remetidos à Santa que muito se confortou, vendo nesse facto uma prova das delicadezas de Nosso Senhor para com seus sofrimentos. Tais prodígios mostram-nos quão agradável foi a Deus o peregrinar de nossa Santa aqui na terra, e as bênçãos e graças de escol, que Santa Rita continua a dispensar aos seus devotos, falam bem claramente de como ela sabe aplicar em favor dos que sofrem seus méritos inconfundíveis. Verdadeiramente é Santa Rita a Advogada dos aflitos, ou, como geralmente é conhecida, a Santa dos Impossíveis... Explicam esses factos o piedoso costume de enfeitarem a imagem da Santa, particularmente no dia de sua Festa, com rosas, figos, cachos de uvas e abelhas. A Santa Igreja mesma parece querer perpetuar o milagre das rosas, aprovando a Bênção das Rosas que se faz no dia da Festa ou no dia 22 de cada mês, para alívio dos enfermos. Finalmente, com 78 anos de idade e 40 de vida religiosa, faleceu Santa Rita em Cássia, no velho Convento das Agostinianas, no dia 22 de Maio de 1457, recreada com visões celestiais e depois de ter recebido com muita piedade os últimos Sacramentos. A fama de santa que já gozava em vida aumentou ainda mais depois de seu piedoso trânsito, confirmando-se por novos milagres que Deus Nosso Senhor operava por intercessão de sua fiel serva. Documentos de 1485 falam já de seu culto conhecido e Propagado em toda a Diocese de Espoleto a que pertencia Cássia. Em 1628, o Papa Urbano VIII autorizava o culto de Beata para toda a Ordem Agostiniana, um ano antes aprovado para a Diocese de Espoleto e, entre os motivos, apresenta o facto de existir em Cássia, desde 1577, uma igreja em honra da Bem-aventurada Rita. Em 1655, também Roma dedica uma igreja à memória da Beata. A Canonização da Santa deu-se a 24 de Maio de 1900, pelo imortal Pontífice Leão XIII.

 

Arcebispo Primaz Katholikos

S.B. Dom ++ Paulo Jorge de Laureano – Vieira y Saragoça
(Mar Alexander I da Hispânea)


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Última actualização deste Link em 01 de Novembro de 2011