Igreja Católica Ortodoxa Hispânica
Reverendíssima Madre
Santa Teresa de Calcutá +
(Agnes Gonxha Bojaxhiu)
Santa Teresa de Calcutá (Agnes Gonxha Bojaxhiu) nasce
em Skoplje, Albânia, irmã mais nova de Ágata e de Lázaro,
filha de Nicolau e de Rosa. Foi baptizada um dia depois de nascer em 26 de
Agosto de 1910. A sua família pertencia à minoria albanesa que
vivia no sul da antiga Jugoslávia. Pouco se sabe da sua infância,
adolescência e juventude porque Madre Teresa tinha horror de falar de
si. Nunca morou na Albânia; foi educada numa escola estatal da actual
Croácia, durante os tristes anos da Primeira Guerra Mundial. Tinha uma
voz muito bonita e logo se converteu na solista do coro da igreja da sua aldeia.
E até dirigia o coro, lá pelos anos vinte. Frequentou a escola
estatal não católica e ingressou na Congregação
Mariana onde foi aperfeiçoando a formação cristã ao
mesmo tempo que tomava conhecimento da vida da Igreja e abria o coração às
necessidades do mundo. Particular impressão faziam-lhe as cartas que
os missionários jesuítas da Índia escreviam e que eram
comentadas em grupo. A miséria material e espiritual de tanta gente
tocava o seu coração. Aos dezoito anos surge-lhe o pensamento
da consagração total a Deus na vida religiosa. Obteve o consentimento
dos pais, por indicação do sacerdote que a orientava, entrou
no dia 29 de Setembro de 1928 para a Casa Mãe das Irmãs de Nossa
Senhora de Loreto, em Rathfarnham, perto de Dublin (Irlanda). O seu sonho era
a Índia, o trabalho missionário junto dos pobres. Sabedoras desta
aspiração da jovem jugoslava, as superioras decidiram que ela
fizesse o noviciado já no campo do apostolado. Por isso, ao fim de poucos
meses de estadia na Irlanda, Agnes partiu para Índia em 1931. O ideal
que brilhara pela primeira vez na sua vida aos doze anos começava a
concretizar-se. Foi enviada para Darjeeling, local onde as Irmãs de
Loreto possuíam um colégio. Ali fez o noviciado. No dia 24 de
Maio de 1931, faz a profissão religiosa, emitiu os votos temporários
de pobreza, castidade e obediência tomando o nome de Teresa. Houve na
escolha deste nome uma intenção, como ela própria diz:
a de se parecer com Santa Teresa de Jesus, não com a grande santa espanhola,
mas com a humilde carmelita Teresa de Lisieux que ensinou aos homens do nosso tempo
o caminho da infância espiritual. De Darjeeling passou a Irmã Teresa
para Calcutá. Tendo frequentado uma carreira docente, passa a ensinar
Geografia no Colégio de Santa Maria, da Congregação de
Nossa Senhora do Loreto, em Calcutá. Mais tarde foi nomeada Directora.
Irmã Teresa gostava de ensinar. As alunas estimavam-na porque era uma
excelente professora, sempre dedicada e atenta a todos os problemas. Havia
muito humanismo nas suas palavras e atitudes. Embora cercada de menina filhas
das melhores família de Calcutá, impressionava-se com o que via
quando saia à rua: os bairros de lata com cheiros nauseabundos, crianças,
mulheres e velhos famélicos. Faz a profissão perpétua
a 24 de Maio de 1937. O dia 10 de Setembro de 1946 ficou marcado na história
das Missionárias da Caridade e, obviamente, no livro da vida da Madre
Teresa como o "dia da inspiração". Numa viagem de trem
ao noviciado do Himalaia, recebe uma claríssima iluminação
interior: dedicar a sua vida aos mais pobres dos pobres. Relatou-o assim: "Em
1946, ia de Calcutá a Darjeeling, de trem, para fazer o meu retiro.
Nunca é fácil dormir nos trens, mas tentar fazê-lo num
trem da Índia é impossível: tudo range, há um penetrante
odor de sujidade pelo amontoamento de homens e animais, todo um detrito de
humanidade, cestos, galinhas cacarejando... Naquele trem, aos meus trinta e
seis anos, percebi no meu interior uma chamada para que renunciasse a tudo
e seguisse Cristo no subúrbios, a fim de servi-lo entre os mais pobres
dos pobres. Compreendi que Deus desejava isso de mim..." Irmã Teresa
pensava nos pobres de Calcutá que todas noites morrem pelas ruas e que
na manhã seguinte, são lançados para o carro da limpeza
como se fossem lixo. Não! Ela não conseguia habituar-se a esse
terrível espectáculo de pessoas esqueléticas morrendo
de fome ou pedindo esmola pelas ruas. A longa e dolorosa meditação
que fizera terminou com uma pergunta muito concreta: que poderei fazer por
estes infelizes? Aqui a angústia da sua alma cresceu. Amava a Congregação,
gostava de ensinar... quase nada poderia fazer dentro dos regulamentos a que
amorosamente se sujeitara e que cumprira com toda a fidelidade. Mas Deus não
pediria mais? Não seria talvez necessários ir ter com as superioras
e com as autoridades eclesiásticas e expor-lhes frontalmente o problema,
pedir-lhes até autorização para fazer a experiência
de se colocar totalmente ao serviço dos mais pobres? Foi assim, com
todas estas interrogações que a Irmã Teresa viveu o seu
retiro daquele ano. Na oração e na meditação daqueles
dias, mais se confirmou que a aspiração que lhe brotava do fundo
da alma não era um capricho mas manifestação da vontade
de Deus. Tendo regressado a Calcutá, foi ter com o Arcebispo Mons. Fernando
Périer a quem expôs o seu plano. Ele ouviu atentamente e, no fim,
calmo, frio, disse um não absoluto que não deixou hipóteses
para qualquer dúvida. A Irmã Teresa aceitou humildemente a recusa.
Mais tarde comentá-la-á assim: "Não podia ter sido
outra a sua resposta. Um bispo não pode autorizar a primeira religiosa
que se lhe apresenta com projectos raros sob pretexto de que essa parece ser
a vontade de Deus". Voltou às lides diárias que cumpria
cada vez com maior dedicação e entusiasmo. O carinho das alunas
demonstrado de tantas maneiras e a amizade das companheiras não lhe
fizeram esquecer a imagem horrorosa dos doentes e dos famintos que morriam
pelas ruas de Calcutá. Mas por vezes, apresentava-se-lhe angustiosa
esta pergunta: não será tudo isto uma tentação
do demónio? Um ano depois, foi ter novamente com o Arcebispo. Levava
nos lábios o mesmo pedido e no coração a mesma disposição
para aceitar, com humildade e alegria, a resposta qualquer que ela fosse. Mons.
Périer escutou, mais uma vez, as razões da Irmã Teresa.
A sua simplicidade, fervor e persistência convenceram-no de que estava
perante uma manifestação da vontade de Deus. Por isso, desta
vez, mais afável, aconselhou: - Peça primeiro autorização à Madre
Superiora. A Irmã Teresa escreveu prontamente uma carta expondo o seu
plano. A Superiora viu nessas linhas a expressão da vontade de Deus.
O que aquela religiosa pedia era algo muito sério e exigente. Por isso,
respondeu-lhe nestes termos: "Se essa é a vontade de Deus, autorizo-te
de todo o coração. De qualquer maneira, lembra-te sempre da amizade
que todas nós te consagramos. Se algum dia, por qualquer razão,
quiseres voltar para o meio de nós, fica sabendo que te receberemos
com amor de irmãs". Mgr. Périer pediu autorização
a Roma para Irmã Teresa deixar as Irmãs de Loreto, "para
viver só, fora do claustro tendo Deus como único protector e
guia, no meio dos mais pobres de Calcutá". A resposta de S.S. Pio XII chegou no dia 12 de Abril de 1948. Nela se concedia a desejada
autorização sublinhando-se que, embora deixando a congregação
de Nossa Senhora de Loreto, a Irmã Teresa continuava religiosa sob a
obediência do Arcebispo de Calcutá. Só em 08 de Agosto
de 1948 ela deixou o colégio de Santa Maria. Custou-lhe imenso: a ela, às
companheiras, às alunas. Depois dirigiu-se para Patna, para fazer um
breve curso de enfermagem que julgava de imensa utilidade para a sua actividade
futura. Em 21 de Dezembro obtém a nacionalidade indiana. Data que reunia
um grupo de cinco crianças, num bairro imundo, a quem começou
a dar escola. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando. Dez dias depois eram cerca
de cinquenta. Tendo abandonado o hábito da Congregação
de Loreto, a Irmã Teresa comprou um sari branco, debruado de azul e
colocou-lhe no ombro uma pequena cruz. Será o seu novo hábito,
o vestido duma modesta mulher indiana. Com o alfabeto a irmã dava lições
de higiene (muitas vezes iniciava a aula lavando a cara aos alunos) e de moral.
Depois ia de abrigo em abrigo levando, mais que donativos, palavras amigas
e as mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho. Não
foi preciso muito tempo para que todos a conhecessem. Quando ela passava, crianças
famintas e sujas, deficientes, enfermos de todas a espécie gritavam
por ela com os olhos inundados de esperança: Madre Teresa! Madre Teresa!
Mas o início foi duro. Ela sentiu a angústia terrível
da solidão. Um dia, depois de dar voltas e mais voltas, à procurada
duma casa, era preciso um tecto para acolher os abandonados, pus-me a caminho
para achá-lo. Caminhei e caminhei ininterruptamente, até que
já não pude mais. Então compreendi até que ponto
de esgotamento têm que chegar os verdadeiros pobres, sempre em busca
de um pouco de alimento, de remédio, de tudo. A lembrança da
tranquilidade material de que gozava no convento de Loreto e por teu amor,
desejo permanecer aqui e fazer o que a tua vontade exige de mim. Não!
Não voltarei atrás. A minha comunidade são os pobres.
A sua segurança é a minha. A sua saúde é a minha.
A minha casa é a casa dos pobres. A sua segurança é a
minha. A sua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos
pobres; não apenas dos pobres mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles
de quem as pessoas já não querem aproximar-se com medo contágio
e da porcaria porque estão cobertos de micróbios e vermes. Daqueles
que não vão rezar, porque não podem sair nus de casa.
Daqueles que já não comem porque não têm força
para comer. Daqueles que se deixam cair pelas ruas, conscientes de que vão
morrer, e ao lado dos quais os vivos passam sem lhes prestar atenção.
Daqueles que já não choram, porque se lhes esgotaram as lágrimas;
Dos intocáveis. Há fatos curiosos na vida de Madre Teresa em
que podemos ver um sinal da aprovação de Deus à sua obra.
Ela mesma conta: "Era a minha primeira volta pelas ruas de Calcutá depois
de ter deixado Loreto e ter regressado de Patna. A certa altura aproximou-se
mim um sacerdote pedindo-me um donativo para uma colecta que estava a realizar-se
a favor da boa imprensa. Tinha saído de casa com cinco rupias. Já tinha
dado quatro aos pobres. Entreguei-lhe a única rupia que me restava.
Ao entardecer, o mesmo sacerdote veio ao meu encontro com um envelope. Disse-me
que lhe tinha sido dado por um senhor desconhecido que ouvira falar dos meus
projectos e me queria ajudar. No envelope vinham cinquenta rupias. Naquele
momento tive a sensação de que Deus começava a abençoar
a minha obra e que nunca me abandonaria". Em 19 de Março de 1949
uma outra bênção de Deus foram as vocações
que começaram a surgir precisamente entre as suas antigas alunas. A
primeira foi Shubashini Das. Era uma linda jovem, dotada de bastante inteligência,
filha de uma boa família. Disse-lhe: - Madre Teresa, se me aceitar,
estou disposta a ficar consigo e a colocar a minha vida ao serviço dos
pobres. - Minha filha, pensa melhor, reza mais e, daqui a algum tempo, vem
ter novamente comigo. Era quase o mesmo conselho que Mons. Périer lhe
tinha dado, tempos atrás. a jovem foi, prensou, rezou e no dia 19 de
Março de 1949, dia de São José, era aceite na nova Congregação,
que começava a surgir, escolhendo como nome para vida religiosa o nome
de baptismo da sua antiga professora: Agnes. A esta outras se seguiram. Sem
qualquer propaganda. Apenas atraídas pelo testemunho daquelas que se
chamariam, mais tarde, Missionárias da Caridade. Madre Teresa conta
assim o início da congregação: "Uma a uma, a partir
de 1949, vi chegar jovens que tinham sido minhas alunas. Vinham com o desejo
de dar tudo a Deus e tinham pressa em fazê-lo. Despojavam-se, com íntima
satisfação, dos seus saris luxuosos para revestir-se do nosso
humilde sari de algodão. Vinham sabendo que se tratava de algo difícil.
Quando uma filha das velhas castas se coloca ao serviço dos párias,
trata-se de ma revolução. A maior. A mais difícil de todas:
a revolução do amor! Uma vida mais regular começou então
para a nossa pequena comunidade. Abrimos escolas enquanto continuávamos
a visita aos bairros de lata. As vocações afluíam e a
nossa casa tornou-se muito pequena. Ainda em 1949, começa a escrever
as constituições das Missionárias da Caridade, nome que
dá à sua Congregação... O primeiro trabalho com
os doentes e moribundos recolhidos na rua era lavar-lhes o rosto e o corpo.
A maior parte não conhecia sequer o sabão e a espuma metia-lhes
medo. Se as Irmãs não vissem nestes infelizes o rosto de Cristo,
o trabalho tornar-se-lhes-ia impossível. Nós queremos que eles
saibam que há pessoas que os amam verdadeiramente. Aqui eles encontram
a sua dignidade de homens e morem num silêncio impressionante... Deus
ama o silêncio. Os pobres não merecem só que os sirvamos,
merecem também a alegria e as Irmãs oferecem-na em abundância.
O próprio espírito da nossa congregação é de
abandono total, de amor confiante e de alegria... É a nossa regra, para
procurarmos "fazer alguma coisa de belo por Deus!" A lista dos bens
das Irmãs é pequena: um prato esmaltado e coberto, dois saris
baratíssimos, um jogo de roupa interior grosseira, um par de sandálias,
um pedaço de sabão guardado numa caixa de cigarros, um travesseiro
e um colchão extremamente delgado, acompanhado de um par de lençóis
e, para completar tudo, um balde metálico com o respectivo número.
Assim, com o colchão enrolado debaixo do braço e as restantes
coisas colocadas no balde, a Irmã que viaja leva todos os bens consigo.
Ao menor sinal, as Irmãs estão preparadas para partir: "Com
um pouco de treino, diz uma delas consigo estar pronta para partir em trinta
minutos." A Congregação de Madre Teresa, foi aprovada pela
Santa Sé em 07 de Outubro de 1950. Em Agosto de 1952, abre o lar infantil
Sishi Bavan (Casa da Esperança) e inaugura o seu famoso "Lar para
Moribundos", em Kalighat, ao qual dedica as suas melhores energias físicas
e espirituais. A partir dessa data, a sua Congregação começa
a expandir-se de maneira irresistível pela Índia e por todo o
mundo. Na Índia, principia por Ranchi e continua depois por Nova Delhi
e Bombaim; nesta cidade, será recebida pelo S.S. São Paulo VI em 1964. A obra de Madre Teresa cresceu rapidamente. Não trazia esquemas
pré-fabricados. O ritmo e as iniciativas eram marcadas pelo inesperado
de cada dia. No ano de 1952 percorria, como de costume, as ruas prestando ajuda
aos mais necessitados. De repente, parou diante de um espectáculo horripilante:
uma mulher agonizava no meio de escombros, roída pelos ratos pelas formigas.
Madre Teresa aproximou-se e ouviu um queixume em voz muito ténue: E
dizer que foi o meu próprio filho que me lançou para aqui! Recolheu-a
e levou-a ao hospital mais próximo. Quando viram aquele semi-cadáver
responderam a Madre Teresa: - Aqui não há lugar para estes casos!
Não podemos aceitar essa mulher! - Pois eu não sairei daqui enquanto
vós a não receberdes. A mulher entrou mas morreu pouco depois.
De regresso a casa, Madre Teresa pensou na sorte dos moribundos que todos dias
morrem pelas ruas de Calcutá sem ninguém lhes prestar assistência.
A imprensa tinha abordado este problema precisamente naqueles dias. Madre Teresa
aproveitou a oportunidade e disse à autoridades: - Dêem-me um
local que eu encarrego-me de tratar dos moribundos. Deram-lhe duas grandes
salas de um edifício contíguo ao templo da deusa Kali denominado "Casa
do Peregrino" porque servia de dormitório aos peregrinos. Ela mudou-lhe
o nome. Chamou-lhe "Casa do Moribundo." Os bonzos não levaram
a bem esta entrega duma dependência sagrada a uma mulher católica.
Consideraram-na uma profanação. Resolveram, por isso, encarregar
um de espiar todos os movimentos da religiosa e de, no momento oportuno, desfazer-se
dela. Tendo conhecimento deste plano, Madre Teresa apresentou-se ao chefe e
disse-lhe: - Se querem matar-me, matem-me agora mesmo, mas não façam
mal aos meus pobres moribundos. Ele ficou surpreendido com a atitude valorosa
desta mulher que veio confirmar as boas informações já dadas
pelo espião: - Observei com todo o cuidado a acção daquela
mulher e a minha impressão foi de que, ao olhar para ela, me pareceu
ver a própria deusa Kali em acção. Não façais,
portanto, mal a essa mulher. Pouco a pouco, os bonzos tornaram-se seus amigos.
Para isso contribuiu muito um facto que a própria Madre Teresa conta
assim: "Um desses bonzos contraiu a tuberculose. Nenhum hospital o teria
recebido. Nós fizemos todo o possível para o curar. Os seus companheiros
vinham vê-lo. Ao princípio blasfemava contra Deus levado pelo
desespero da sua doença. Da nossa parte não nos poupávamos
a esforços para lhe sermos agradáveis e minorar a suas dores.
Pouco a pouco, a sua atitude foi mudando. Chegou até a pedir a bênção
antes da morte que foi muito serena. Os seus companheiros não conseguiam
explicar o que tinha acontecido. Depois disto, os sacerdotes da deusa Kali
nunca deixaram de demonstrar-nos a sua amizade e até de dar-nos a sua
colaboração. Na Catedral do Santíssimo Rosário,
em Abril de 1953, as primeiras Missionárias da Caridade fazem os seu
votos religiosos. A ordem é aprovada pela Santa Sé a 01 de Fevereiro
de 1965 e, com a protecção da aprovação pontifícia,
estende-se por toda a Índia. Ainda em 1965, funda no dia 26 de Julho
a sua primeira casa na América Latina, concretamente na Venezuela, na
arquidiocese de Barquisimeto, em 1967, abre outra no próprio coração
da cristandade, em Roma, por desejo expresso deS.S. São Paulo VI; mais
adiante, S.S. São João Paulo II dar-lhe-á de presente
uma casa dentro do próprio Vaticano.
Com S.S. São João Paulo II
A partir de 22 de Agosto de 1968,
a Congregação estende-se por outras regiões: Ceilão,
Itália, Austrália, Bangladesh, Ilhas Maurícias, Peru,
Canadá, etc. 08 de Dezembro de 1970. As Missionárias da Caridade
abrem a sua primeira casa em Londres e fixam aí o aspirantado e noviciado
para a Europa e América. Em 1973, abre uma casa em Gaza, na Palestina,
para atender os refugiados, e celebra a primeira Assembleia Internacional dos
colaboradores das Missionárias da Caridade, instituição
cujos estatutos tinha sido aprovados em 1969, e que reúne centenas de
milhares de pessoas de todo o mundo: 50.000 leigos, aos quais é preciso
acrescentar todos os doentes e todos os que sofrem e oferecem a sua dor pelas
intenções da Madre Teresa. Em 15 de Junho de 1976, precisamente
em Nova York, que era, no entender dela, o lugar mais necessitado de oração,
funda o ramo contemplativo das Missionárias da Caridade. E em Dezembro
de 1976, inaugura centros de assistência no México e Guatemala.
Recebe o Prémio Nobel da Paz em 15 de Outubro de 1979. Ainda no mesmo
ano, o Papa São João Paulo II recebe-a em audiência privada
e ela converte-se, sem nunca ter estudado diplomacia, na melhor "embaixadora" do
Papa em todas as nações, fóruns e assembleias do universo.
Skoplje nomeia-a "Cidadã Ilustre". Muitas universidades conferiram-lhe
o título "Honoris Causa". E ainda em 1980, recebe a Ordem "Distinguished
Public Service Award" nos EUA. Em 1981, inaugura em Berlim oriental a
primeira das suas fundações em países submetidos ao marxismo.
Anos mais tarde, será recebida por Mikhail Gorbachov e abrirá uma
casa na Rússia. E o mesmo fará em Cuba. Em 1983, estando em Roma,
sofre o primeiro grave ataque do coração. Tinha 73 anos. Foi
muito bem atendida e o médico disse-lhe: "A senhora tem coração
para mais trinta anos". Tomou isso ao pé da letra e nem febre alta
a fazia descansar. Em Setembro de 1985, é reeleita Superiora das Missionárias
da Caridade pelo Capítulo Geral da Congregação. Só outra
Irmã, Irmã Josepha Michael, viu o seu nome escrito num dos votos:
o que fora depositado na urna eleitoral pela Madre Teresa... Os outros 66 foram
unânimes. Nesse mesmo ano, recebe do Presidente Reagan, na Casa Branca,
a Medalha presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração
do país mais poderoso da terra. Participa de Sínodos, como o
de 1986, e dos actos do Ano Mariano de 1987 e do Ano Santo da Redenção,
bem como das viagens papais. Em Agosto de 1987, vai à União Soviética
e é condecorada com a Medalha de ouro do Comité Soviético
da Paz. Pouco depois, visita a China e a Coreia. Em Agosto de 1989, realiza
um dos seus sonhos: abrir uma casa na sua Albânia natal que, apesar de
ser um dos países mais pobres, injustos e atrasados do planeta, até há pouco
fazia gala de ser o país mais ateu do mundo, o único em cuja
Constituição figurava paradoxalmente o ateísmo como "religião
do estado". Em Setembro de 1989, sofre o seu segundo ataque do coração
e corre sério risco de vida, mas recupera-se e retoma o seu incrível
trabalho com mais ardor e vigor do que antes, apesar do marca passo. Em 1990,
pede ao Papa para ser substituída no seu cargo, mas volta ser reeleita
por outros seis anos, até 1996, e o Papa torna a confirmá-la
- Já o fizera outra vez antes - como Superiora das Missionárias
da Caridade. A Madre Teresa nunca perdia uma oportunidade para levar todos
aqueles com quem se cruzava, independentemente da sua origem, da sua posição
social ou da sua religião, a encontrar-se com Cristo. - "Vamos,
primeiro, cumprimentar o dono da casa". Era com essa frase simples que
costumava receber a maior parte das personalidades - por exemplo, o então
Primeiro-Ministro Nehru -, que vinham conhecer a casa das Missionárias
da Caridade, dirigindo-as resolutamente à capela do Santíssimo
Sacramento. No dia 05 de Setembro de 1997, depois de sofrer uma última
parada cardíaca, foi a vez de ela poder encontrar-se, desta vez definitivamente,
com o Dono e Senhor da sua alma. Uma fila de quilómetros formou-se durante
dias a fio, diante da igreja de São Tomé, em Calcutá,
onde o seu corpo estava sendo velado. Ao fim de uma semana, como muitos milhares
de pessoas ainda queriam dizer-lhe o último adeus, o corpo da Madre
foi transladado ao Estádio Netaji, onde o Cardeal Ângelo Sodano,
Secretário de Estado do Vaticano, celebrou a Missa de corpo presente.
O mesmo veículo que, em 1948, transportara o corpo do Mahatma Gandhi
foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da Mãe dos pobres.
Foi canonizada e elevado ás honras dos Altares, em toda a nossa Jurisdição
Canónica, pelo Decreto
Primacial A042/GP, de 17 de Junho de 2005.
Junto a São Roger de Taizé (Roger Schutz)
Com Sua Emª Rev.ma D. António José da Costa Raposo, Arcebispo Primaz da Igreja Apostólica Episcopal Portuguesa
Home / Biografias Gerais / Santos da ICOH