Comunicados da Sé Apostólica da Hispânea

 

Acerca do uso de rito ocidental e vestes latinas na ICOH

 

Mais uma vez, em pouco espaço de tempo, vimos igualmente por este meio fazer um comunicado acerca de algumas acusações que têm sido veiculadas por membros de uma comunidade eclesial, presidida pelo "arcebispo" Armando da Costa Monteiro, que nada tem a ver com a Igreja Católica Ortodoxa Hispânica, que de uma forma malévola nos acusa de, nos dizermos Ortodoxos mas usarmos vestes latinas e ritos ocidentais.

No que toca ao facto de afirmarem que Nossa Jurisdição não é uma verdadeira Igreja Ortodoxa, posso garantir que a IGREJA CATÓLICA ORTODOXA HISPÂNICA (Patriarcado Ortodoxo Bielorrusso Eslavo) é uma Igreja Ortodoxa, que professa a verdadeira FÉ ORTODOXA, mas que assume um rito litúrgico ocidental e uma tradição latina, usando habitualmente por isso mesmo as vestes segundo a sua tradição, exactamente como os irmãos Unitas que se uniram à Santa Sé Romana, permanecendo com o seu rito oriental e a sua tradição bizantina, pelo que, não aceitamos que gente alheia nos acuse de misturar tudo. Não, não misturamos tudo, nem estamos contrários à tradição canónica e litúrgica da Santa Ortodoxia. Dizemo-nos e somos Ortodoxos porque professamos a Fé da Igreja Indivisa antes do Cisma, verdadeiro Depósito da Fé mantido na Santa Ortodoxia, segundo a Tradição que recebemos e que procedem do Patriarcado Ortodoxo Bielorrusso Eslavo e da The American Orthodox Catholich Church (Igreja Católica Ortodoxa Americana), com as suas particularidades ocidentais, colocadas em prática desde S.S. Wolodimyr I (Walter Myron Propheta), mas sem máscaras. Somos ocidentais e como ocidentais permanecemos, com nossas tradições e ritos, mas professando a nossa Fé Comum.

Lastimo que quem nos acusa do facto de nos dizermos ortodoxos e usarmos vestes latinas, misturando tudo, se tenha esqueçido de olhar ao espelho antes de abrir a boca, abrindo-a antes numa tentativa de encontrar o argueiro no olho do irmão para o acusar, sem ver primeiramente a trave que se encontra no seu, tal como nos alerta Jesus Cristo no Evangelho. Muitos que nos acusam, se se olhassem bem para si mesmos estariam de boca fechada, pois misturar tudo é dizerem-se ortodoxos, e usar solidéu branco (tal qual o Papa de Roma, talvez para se sentirem "papas") com paramentos bizantinos, ou "barretes tipicamente indianos", parecendo mais uma “kipá”, usada por judeus Bikharan, que vivem em ex-repúblicas soviéticas do Uzbequistão, Tajiquistão, Quirguistão, entre outras, que falam judaico-tajik, um dialecto persa com letras hebraicas, e que pertencem ao grupo judeu da Mizrahimmas, procurando ostentar uma primazia inexistente e universal; fazer aberrações litúrgicas, como celebrar a Eucaristia em Sexta-feira Santa da Paixão esquecendo a antiquissima tradição da Igreja; ter atitudes de PSICOPRAXIA (é um termo utilizado pela doutrina espírita para descrever o ato pelo qual um médium permite que um espírito se manifeste através de seu corpo) em plena celebração da Eucaristia, para escândalo dos fiéis, etc.

Kippah Buchara

Por outro lado a falta de conhecimento canónico, litúrgico e mesmo de tradição eclesiástica, conseguem que alguns individuos consigam dizer e escrever asneiras, quando numa tentativa de acusar os outros esquecem-se que se estão a acusar a si mesmos e à tradição seguida pela Jurisdição da qual dizem descender em Comunhão e Sucessão, desacretitando-se a si mesmos e a quem dizem seguir.

Vejamos algumas Jurisdições Ortodoxa Canónicas:

Igreja Católica Ortodoxa Americana (The American Orthodox Catholic Church)

Será bom relembrar o trabalho apostólico do Patriarca Americano, S.S. Wolodimyr I (Walter Myron Propheta), ainda desde o tempo em que era simples Presbítero e Pároco nos Estados Unidos da América, e da Igreja por ele fundada. Após 25 anos de serviço na Jurisdição Ortodoxa Ucraniana na América, o Padre Walter foi elevado a Arcipreste Mitrado, já que por sua condição de Sacerdote casado estava impedido de ascender ao Episcopado.

S.S. Wolodimyr I, Patriarca Ortodoxo Americano junto de sua esposa, sem barba

Como Presbítero, o Padre Walter foi Pároco da Igreja Ortodoxa Ucraniana de Santa Maria, ao sul de Plainfield, Nueva Jersey, mas nos finais de 1950 e devido a um desacordo com o Metropolita Bohdam Shpilkat sobre o uso das rúbricas em lingua vernácula, pela congregação da Igreja da Santa Ressurreição em Bronx, Nueva York, aonde desempenhava as funções de Decano, e na qual desejava implementar a Celebração da Divina Liturgia em inglês, em substituição da língua tradicional e antiga do eslavo eclesiástico. O Metropolita Bohdam Shpilkat não aprovou essa decisão, o que obrigou ao Arcipreste Walter a seguir com a sua missão de reforma da ortodoxia de modo independente, a fim de cumprir com o desejo de ter um maior alcance de evangelização, não só dentro da Igreja Ortodoxa, senão também, a fim de estar disponivel e acessivel para todos, independientemente da sua origem étnica. Assim sendo, o Arcipreste Walter assumiu a missão de restaurar a visão ortodoxa na América, além de restabelecer o património do Arcebispo Aftimios Ofiesh e de demais Bispos que tinham chegado antes, e que da sua Sucessão Apostólica ele rapidamente compartilharia. Desta forma, assistido pelo Espírito Santo que paira onde, quando e como quer (não exclusivo e preso à vontade de alguns cristãos, como se fosse uma marionete), estabeleceu a Santa Igreja, definindo-a como Católica, Ortodoxa, Oriental e Apostólica, registando-a no Estado de Nueva York, sob o nome original de The American Orthodox Catholic Church (Iglesia Católica Ortodoxa Americana). Assim Propheta, tinha mudado a imagem da antiga fundação da American Orthodox Church (AOC) para esta nova Igreja que incluia a tradição litúrgica oriental e ocidental nas Celebrações e Sacramentos de uma, Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Permitiu a cada Bispo em sua Diocese a liberdade decidir o uso do rito latino ou bizantino, o uso do calendário Gregoriano ou Juliano, assim como o facto de os Clérigos (Bispos, Presbiteros, Diáconos e outros graus) poderem ser casados, dos clérigos poderem usar barba ou não, assim como o uso ou não das vestes clericais na rua, respeitando a liberdade do cristão e clérigo ortodoxo, desde que os serviços, ritos e cerimónias não exprimissem nada contrário à Fé Ortodoxa da Igreja - Una, Santa, Católica e Apostólica de Cristo. Ora parece-nos que, atitudes de psicopraxia de clérigos em serviços litúrgicos e perante os fiéis é que exprimem práticas contrárias à Fé Ortodoxa, misturando tudo...

Estatutos da The American Orthodox Catholic Church (Iglesia Católica Ortodoxa Americana)

A sua determinação foi demostrada pela cooperação de outros legitimos e respeitados Bispos de sérias e legitimas Jerarquías Canónicas, como o caso do Arcebispo Peter Zhurawetsky, e muitos outros, ainda que o Arcebispo Peter, se tenha mantido fiel liturgicamente ao património ortodoxo da Ucrânia. Em 04 de Outubro de 1964, o Arcipreste Walter recebe a Sagração Episcopal das mãos de Monsenhor Joachim Souris, da Igreja Ortodoxa Grega Autocéfala nos Estados Unidos, GOX (Velho-Calendarista), sendo Co-Consagrante: Monsenhor Theoklitos Kantaris, da Arquidiocese Grega de Nueva York. Esta Sagração Episcopal foi igualmente reconhecida pelo Cardeal Arcebispo de Nueva York, Mons. Francis Spellman, a máxima autoridade da Igreja Católica Romana nesse momento.

A influência da Igreja Ortodoxa da América (AOC) e da Igreja Católica Ortodoxa Americana (AOCC) em virtude do Omophorionado de S.S. Wolodimyr I na década de 1960 e começos de 1970 estendeu-se a muitas partes do mundo, estando composta por Bispos e Sacerdotes na Europa, África, Caribe, América do Sul, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Foi notória a relação de S.S. Wolodimyr I com os Bispos Católicos dissidentes, Sagrados ao Episcopado por Dom Carlos Duarte Costa, fundador da Igreja Católica Apostólica Brasileira, como Dom Salomão Ferraz, e Dom Milton Cunha, posteriormente incardinado na Igreja Católica Ortodoxa Americana.

Em 1964 a população negra dos Estados Unidos da América obteve um reconhecimento canónico por parte do Santo Sínodo da maior organização Ortodoxa da América, a The American Orthodox Catholic Church (AOCC), tendo S.S. Wolodymir I, procedido à Sagração Episcopal de dois Bispos de raça negra, desafiando as políticas de discriminação dessa época.

Sagrando ao Episcopado um afro-americano (esqª) e Ordenando um Presbitero (dirª), na Catedral da Ressurreição, em Nueva York

O respeito pela Igreja fundada por S.S. Wolodimyr I, chegou ao ponto da Santa Sé emitir um certificado ao Sacerdote da The American Oerthodox Catholic Church, o Padre John Neely (piloto aéreo) onde o autorizava, durante a sua estadia em Roma a realizar a celebração da liturgia no Vaticano. É interessante recordar que foi permitido a S.S. Wolodimyr I, assim como o clero da The American Orthodoxo Catholic Church o uso da capela das Nações Unidas para efectuar Ordenações e Sagrações Episcopais, como foi o caso da Sagração de Mons. Francis Joseph Ryan, e de Mons. Denis M. Garrison, como reconhecimento da luta contra o comunismo soviético e a assistência brilhante da Igreja Católica Ortodoxa Americana aos milhares de refugiados da Europa de Leste, que buscaram amparo nos Estados Unidos durante a guerra fria.

S.S. Wolodymir I (Walter Myron Propheta) com Membros do Episcopado da AOCC, após a Divina Liturgia

Observando a foto acima, nela vemos os dois estilos litúrgicos (latino e bizantino), usados na Igreja Católica Ortodoxa Americana (a Igreja que a comunidade eclesial que nos acusa diz ter como Igreja-Mãe), e seguido por Jurisdições Canónicas que têm as suas raízes nela e no seu património litúrgico e canónico, como é o caso da Igreja Católica Ortodoxa Hispânica (Patriarcado Ortodoxo Bielorrusso Eslavo), comungando da sua Canonicidade. Será que S.S. o Patriarca Ortodoxo Americano, 12º Sacerdote Ortodoxo na sua família, e filho de um Sacerdote Ortodoxo, misturava tudo? É que, se nos acusam de misturar tudo por seguirmos um rito latino e uma tradição ocidental, estão implicitamente a acusar toda base que levou à fundação da Igreja Católica Ortodoxa Americana e por sua vez a acusar de desrespeito para com a Santa Ortodoxia, ao seu fundador.

Igreja Ortodoxa de França

Esta Jurisdição Canónica foi fundada pelo Padre Ireneo Winnaert, ex-sacerdote católico romano, que exerceu o seu ministério em Lille (1904), e que quinze anos mais tarde (1919) abandona o seu ministério na Igreja Católica Romana, e mais tarde com um grupo de fiéis entra em contacto com o Patriarca de Constantinopla, após ter passado pela Igreja Católica Liberal e ter sido Ordenado ao Episcopado. Mons. Ireneo não só se volta para a ortodoxia doutrinal, como se propõe a reconstruir o rito ortodoxo das Galias, o Galicano. O Patriarcado de Constantinopla, que anos antes se tinha mostrado afável com a Iggreja Ortodoxa Viviente, recusa agora este punhado de ortodoxos de rito ocidental que solicitavam receber a sua protecção canónica, exigindo a Mons. Ireneo Winnaert que se integrasse como simples leigo, e recusando o seu rito ocidental. Após este contacto frustrado, Mons. Winnaert não se amedrontou e procurou a protecção canónica do Patriarcado de Moscovo, que naquele momento era regido pelo Metropolita Sergio, que o recebe unicamente como Sacerdote, sem reconhecer o seu Episcopado Católico Liberal, e sem esperança de recuperar y sin esperanzas de recuperar seu caracter episcopal perdido, condição que aceitou. Este bom homem morreu em 1937 como Arquimandrita do Patriarcado Russo de Rito Ocidental, tendo conseguido um estatuto canónico para a sua Comunidade que se estenderá até 1952, durante os anos de 1953 a 1956 esta Comunidade esteve debaixo da protecção canónica do Patriarcado Ecuménico, através do Exarcado Russo em Paris, para logo obter a protecção canónica da Igreja Ortodoxa Russa no Exílio, durante os anos de 1957 a 1966. É assim que esta Comunidade vem recebendo a protecção canónica por parte dos Patriarcados Ortodoxos, mas a partir de 1957 recebe a protecção canónica de uma Igreja de “Canonicidade inquestionável mas Não Reconhecida”, sendo no seio desta Jurisdição que nasce como Igreja Autónoma através da Ordenação Episcopal, em 1964, de Monsenhor Jean-Nectaire Kovalevsky, sendo o acto presidido pelo Bispo Juan Maximovich (conhecido como San Juan de San Francisco) e pelo Bispo romeno de París, Mons. Teofilo Ionescu, os quales o autorizam a conservar o seu Rito Ocidental.

Consagração Episcopal de Mons. Kovalevski, vendo-se à esqª o Bispo Teófilo, e à dirª o Bispo Juan Maximovich (San Juan de San Francisco)

S.B. John Maximovitch e Mons. Jean-Nectaire Kovalevsky, com mitra latina de duas pontas. Será igualmente mais uma mistura ortodoxa?

Mons. Jean-Nectaire Kovalevsky, oficializando com mitra latina de duas pontas, paramento gótico, pálio latino e usando o dikirio e trikirio

Mons. Jean-Nectaire Kovalevsky, com mitra latina de duas pontas, paramento gótico e pálio latino

Perante tudo o que foi exposto acerca da acusação que nos fizeram de misturarmos tudo liturgicamente, assim como de não sermos ortodoxos por usar um rito ocidental, creio que fica esclarecida qualquer dúvida. Unicamente lastimamos que bocas farisáicas percam tempo a arranjar argueiros no olho dos irmãos, em vez de ministrarem de uma forma sã e sem equivocos a Palavra de Deus. Não conhecer a "Unidade da Igrejas na sua Diversidade", para além de um pecado contra o Espírito Santo, por estagnar a sua acção, é uma atitude muito medieval.

Dado em Lisboa, aos 20 dias de Novembro de 2011.

++ Paulo Jorge de Laureano (Mar Alexander I da Hispânea)
Arcebispo Primaz Katholikos

 

Arcebispo Primaz Katholikos

S.B. Dom ++ Paulo Jorge de Laureano – Vieira y Saragoça
(Mar Alexander I da Hispânea)


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Última actualização deste Link em 20 de Novembro de 2011